quarta-feira, 28 de abril de 2010

Stephen Hawking

introdução de Stephen Hawking

Há cerca de 15 bilhões de anos aconteceu o big bang e daqui a 25 bilhões poderá ocorrer o big crunch. Isto é, vivemos num universo em expansão que em mais cinco bilhões de anos atingirá o seu limite e começará a encolher. Essa é uma das constatações mais recentes da cosmologia, um ramo da ciência que há séculos não para de olhar para os céus em busca de explicações. No Olimpo científico formado por mentes brilhantes como Galileu Galilei, Isaac Newton e Albert Einstein, está um cosmólogo c


ontemporâneo nosso, o britânico Stephen Hawking.

Portador de esclerose lateral amiotrófica, uma grave doença degenerativa que causa progressiva paralisia dos músculos do corpo, diagnosticada quando tinha pouco mais de 20 anos de idade, Hawking há décadas tem se superado física e mentalmente. Seus insights e sua inteligência excepcional resultaram numa produção científica impressionante que o fazem ser visto ao mesmo tempo como um milagre e um enigma para a ciência.

Mesmo preso a uma cadeira de rodas e tendo de usar um computador e sintetizador para se comunicar, Hawking desenvolveu idéias novas e fundamentais sobre buracos negros, a origem e o destino do universo e ensaia construir uma “Teoria de Tudo”. Não bastasse isso, ainda escreveu um dos mais importantes livros sobre cosmologia. “Uma Breve História do Tempo” virou um best-seller assim que foi publicado e transformou Hawking em uma celebridade.

Stephen Hawking e os buracos negros

Um acordo firmado entre os Aliados e o Eixo poupou cidades de arquiteturas insubstituíveis de serem bombardeadas durante a Segunda Guerra Mundial. Oxford, na Inglaterra, era um dessas áreas protegidas. E foi lá, em 8 de janeiro de 1942, a mesma data de nascimento de Galileu Galilei, que nasceu Stephen Hawking. Seus pais haviam frequentado a Universidade de Oxford e levavam uma vida intelectual ortodoxa, o que deu a família uma fama de excêntrica.

Stephen teve uma formação educacional comum. Aos dez anos mostrava seu interesse por química e chegou a ter seu próprio laboratório de ciências em sua casa. Nessa época já se revelava uma inteligência bem acima da dos seus colegas e também dos padrões de exigência de sua escola. Passava seu tempo livre inventando complexos jogos de tabuleiro e impressionava a todos com sua capacidade de se concentrar por horas na resolução de algum problema intrincado. Mas os talentos de Hawking começaram a ser descobertos de fato quando acabou o ensino médio e ganhou uma bolsa de estudos em Oxford. Com 17 anos, ele foi estudar ciências naturais com ênfase em física.

Na Universidade de Oxford, Hawking foi logo reconhecido pelos professores e colegas como um aluno excepcional. Sua capacidade mental lhe deu um ar arrogante o que só fez aumentar sua fama. Após concluir o curso em Oxford decidiu fazer pós-graduação em cosmologia em Cambridge. Mas nessa época uma má notícia mudaria definitivamente sua vida. Em um check-up feito após ele apresentar alguns sintomas, Hawking foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, uma doença neuro-motora que causa a degeneração progressiva das células nervosas na medula espinhal e no cérebro.

Os médicos deram a Hawking menos de dois anos de vida. Algum tempo após o diagnóstico ele já estava usando bengala. Com um cenário tão sombrio, Hawking foi buscar uma nova esperança em Jane Wilde, uma moça que começou a namorar e com quem se casaria em 1965 no mesmo ano em que começou seu PhD. Começava ali a fundamental contribuição de Hawking para a cosmologia. Ele percebeu que a teoria da relatividade não se harmonizava com a física quântica para explicar os buracos negros. Aliás, a própria existência dos buracos negros era colocada em dúvida naquela época.

Várias divergências científicas envolviam os buracos negros, inclusive as teorias sobre se o universo era ou não estático, se ele estava se expandindo e se o big bang não passava de uma ideia ridícula. Nesse cenário, Hawking teve um insight. Ele imaginou o que aconteceria se um buraco negro pudesse ser revertido. E aplicou essa ideia ao universo. A expansão do universo poderia ser assim nada mais do que uma enorme estrela que colapsa em reversão. Assim, se o tempo desaparece dentro de um buraco negro, o processo inverso resultaria na criação do tempo. Isso também aconteceria com o espaço. Dessa forma a teoria da relatividade se aplicaria em ambos os sentidos. De acordo com Hawking, a matéria se originaria de um ponto infinitamente denso, mas sem dimensão. Quando começou a se expandir, essa singularidade que seria o big bang, originou o tempo, o espaço e a matéria. Mas uma hora essa expansão cessaria e haveria a contração até uma singularidade que seria o big crunch. Assim antes do big bang e após o big crunch não haveria nem tempo, nem espaço, nem matéria. Hawking acabara de explicar o ato de criação: um buraco negro em reversão total originou o big bang. Àquela altura quatro anos já haviam se passado desde que recebera o diagnóstico que não teria mais do que dois anos de vida.

Stephen Hawking e uma breve história do tempo
À medida que a doença progredia e tornava cada vez mais difícil física e emocionalmente a vida de Stephen Hawking, crescia a importância da ajuda e da dedicação altruísta de sua esposa Jane. Severas limitações de movimento e o comprometimento contínuo de sua voz foram compensados por uma capacidade de memória, de concentração e de organização mental notáveis, além de insights brilhantes. Após suas teorias sobre o big bang e os buracos negros, a fama de Hawking cresceu e atraiu para Cambridge pesquisadores talentosos que se tornaram seus colaboradores.

No começo dos anos 70, Hawking deu outra contribuição que abalaria o meio científico. Segundo ele, logo após o big bang formaram-se vários mini buracos negros. Do tamanho de um fóton eles concentravam um bilhão de toneladas de matéria. Hawking explicou que por conta de sua enorme massa e gravidade, eles obedeciam às leis da gravidade, mas por causa de sua dimensão ínfima eles também estavam sujeitos às leis da mecânica quântica. Isso mostrava que essas leis frequentemente conflitantes poderiam ter coexistido. Assim, no futuro, seria possível desenvolver uma teoria que desse conta da física quântica e da relatividade. Ele começava a pensar sobre uma “Teoria de Tudo”.

Em 1979, Stephen Hawking foi nomeado Lucasian Professor de matemática em Cambridge, cátedra ocupada anteriormente por Isaac Newton. Ele completara mais de 15 anos convivendo com a doença e apesar de todas as limitações que ela impunha, ele e Jane procuravam participar frequentemente da vida social em Cambridge. Sua dedicação passou a ser em encontrar uma “Teoria de Tudo”, isto é, uma explicação definitiva, uma descrição unificada, um conjunto de equações que desse conta de todas as partículas elementares e de todas as interações físicas conhecidas no universo. Além disso, Hawking começou a ditar as ideias para um livro com linguagem acessível e que tornasse a cosmologia popular.

Enquanto trabalhava no livro e na sua busca pela “Teoria de Tudo”, um bloqueio na traquéia que levou a uma traqueotomia fez com que Hawking perdesse completamente a capacidade da fala. O socorro veio do especialista em computador Walt Woltosz, que havia desenvolvido o programa Equalizer que compunha frases através de uma tela e a transmitia por um sintetizador de voz. Com mais uma enorme dificuldade superada, Hawking dedicou-se a finalizar sua obra que acabou sendo lançada em 1988. “Uma Breve História do Tempo: do big bang aos buracos negros” tornou-se um best-seller instantâneo. O livro é bem elaborado, agradável de ler, contém conceitos que são extremamente difíceis transformados em algo perfeitamente compreensível para os não-iniciados em ciências e apresenta uma conclusão que discute filosoficamente a natureza de Deus e a “Teoria de Tudo”, entre outros temas. O sucesso de “Uma Breve História do Tempo” transformou Hawking em uma celebridade.

Em 1990, o casamento de Hawking e Jane terminou. Atualmente, ele continua a trabalhar no Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica, em Cambridge. Num gabinete com um grande pôster de Marilyn Monroe na parede, Hawking é uma lenda viva que não só desafiou todas as previsões sobre sua sobrevivência à doença como também continua a usar sua mente para desafiar os limites de compreensão do universo.

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